terça-feira, 12 de julho de 2011

Relatório de Observações

Relatório de Observações

1. Identificação do nível de ensino e características gerais da turma:
 
As aulas foram observadas no período de 9 de maio a 13 de junho em uma escola estadual da zona urbana, com alunos de 2º ano de Ensino Médio, na turma 207, no turno da noite. Em média compareciam às aulas, quinze alunos, que tinham entre dezesseis e dezenove anos, a turma demonstrava ser participativa, interessada, mas alguns pareciam cansados do dia de trabalho que tinham antes de vir para a escola.

2. Aspectos relativos à formação e atuação do/a professor/a (sem citar nome):



A professora da turma trabalha a três anos com a Disciplina de Artes em diferentes escolas. A professora é também artista plástica, e no momento está cursando mestrado. Ela tem um bom relacionamento com os alunos e se preocupa com a formação integral de seus alunos com verdadeiros cidadãos. Talvez por ter pouco tempo de aula quer passar muitas informações e algumas vezes, os alunos parecem não entender todas elas.

3. Caracterização do espaço de trabalho e recursos disponíveis:

A escola, no geral, tem um bom aspecto, mas as salas de aula não tem um aspecto muito agradável e as mesas são muito sujas. A escola dispõe de uma sala de vídeo, para ser usada por muitos professores, de modo que é preciso fazer agendamento prévio e entregar um projeto para ter acesso à sala, que muitas vezes, dá problemas. Os aparelhos de som não funcionam, mas na biblioteca a um bom material sobre Artes. As aulas acontecem, no período da noite, semanalmente e tem a duração de 40 minutos.

4. Observação da situação de ensino-aprendizagem:
1ª aula

Alunos dispostos em círculo, o notebook da professora sobre uma mesa.

A professora apresentou um texto de “uma menina”, entregou-o e o leu para os alunos:


Transcrição do discurso de Severn Cullis-Suzuki, de junho de 1992:

"Olá! Eu sou Severn Suzuki. Represento, aqui na ECO, a Organização das Crianças em Defesa do Meio Ambiente. Somos um grupo de crianças canadenses, de 12 e 13 anos, tentando fazer a nossa parte, contribuir. Vanessa Sultie, Morgan Geisler, Michelle Quigg e eu. Foi através de muito empenho e dedicação que conseguimos o dinheiro necessário para virmos de tão longe, para dizer a vocês, adultos, que têm que mudar o seu modo de agir.

Ao vir aqui, hoje, não preciso disfarçar meu objetivo: estou lutando pelo meu futuro. Não ter garantia quanto ao meu futuro não é o mesmo que perder uma eleição ou alguns pontos na bolsa de valores. Estou aqui para falar em nome das gerações que estão por vir. Estou aqui para defender as crianças que passam fome pelo mundo e cujos apelos não são ouvidos. Estou aqui para falar em nome das incontáveis espécies de animais que estão morrendo em todo o planeta, porque já não têm mais aonde ir. Não podemos mais permanecer ignorados!

Eu tenho medo de tomar sol, por causa dos buracos na camada de ozônio. Eu tenho medo de respirar este ar, porque não sei que substâncias químicas o estão contaminando. Eu costumava pescar em Vancouver, com meu pai, até que, recentemente, pescamos um peixe com câncer. E, agora, temos o conhecimento que animais e plantas estão sendo destruídos e extintos dia após dia.

Eu sempre sonhei em ver grandes manadas de animais selvagens, selvas e florestas tropicais repletas de pássaros e borboletas. E, hoje, eu me pergunto se meus filhos vão poder ver tudo isso. Vocês se preocupavam com essas coisas quando tinham a minha idade?

Tudo isso acontece bem diante dos nossos olhos e, mesmo assim, continuamos agindo como se tivéssemos todo o tempo do mundo e todas as soluções. Sou apenas uma criança e não tenho todas as soluções; mas, quero que saibam que vocês também não as têm.

Vocês não sabem como reparar os buracos na camada de ozônio. Vocês não sabem como salvar os peixes das águas poluídas. Vocês não podem ressuscitar os animais extintos. E vocês não podem recuperar as florestas que um dia existiram onde hoje há desertos. Se vocês não podem recuperar nada disso, por favor, parem de destruir!

Aqui, vocês são os representantes de seus governos, homens de negócios, administradores, jornalistas ou políticos; mas, na verdade, vocês são mães e pais, irmãs e irmãos, tias e tios. E todos, também, são filhos.

Sou apenas uma criança, mas sei que todos nós pertencemos a uma sólida família de 5 bilhões de pessoas; e que, ao todo, somos 30 milhões de espécies compartilhando o mesmo ar, a mesma água e o mesmo solo. Nenhum governo, nenhuma fronteira poderá mudar esta realidade.

Sou apenas uma criança, mas sei que esses problemas atingem a todos nós e deveríamos agir como se fôssemos um único mundo rumo a um único objetivo. Estou com raiva, não estou cega e não tenho medo de dizer ao mundo como me sinto.

No meu país, geramos tanto desperdício! Compramos e jogamos fora, compramos e jogamos fora, compramos e jogamos fora... E nós, países do Norte, não compartilhamos com os que precisam. Mesmo quando temos mais do que o suficiente, temos medo de perder nossas riquezas, medo de compartilhá-las. No Canadá, temos uma vida privilegiada, com fartura de alimentos, água e moradia. Temos relógios, bicicletas, computadores e aparelhos de TV.

Há dois dias, aqui no Brasil, ficamos chocados quando estivemos com crianças que moram nas ruas. Ouçam o que uma delas nos contou: "Eu gostaria de ser rica; e, se o fosse, daria a todas as crianças de rua alimentos, roupas, remédios, moradia, amor e carinho". Se uma criança de rua, que nada tem, ainda deseja compartilhar, por que nós, que tudo temos, somos ainda tão mesquinhos?

Não posso deixar de pensar que essas crianças têm a minha idade e que o lugar onde nascemos faz uma grande diferença. Eu poderia ser uma daquelas crianças que vivem nas favelas do Rio. Eu poderia ser uma criança faminta da Somália, ou uma vítima da guerra no Oriente Médio; ou, ainda, uma mendiga na Índia.

Sou apenas uma criança; mas, ainda assim, sei que se todo o dinheiro gasto nas guerras fosse utilizado para acabar com a pobreza, para achar soluções para os problemas ambientais, que lugar maravilhoso a Terra seria!

Na escola, desde o jardim da infância, vocês nos ensinaram a sermos bem-comportados. Vocês nos ensinaram a não brigar com as outras crianças, a resolver as coisas da melhor maneira, a respeitar os outros, a arrumar nossas bagunças, a não maltratar outras criaturas, a dividir e a não sermos mesquinhos. Então por que vocês fazem justamente o que nos ensinaram a não fazer?

Não esqueçam o motivo de estarem assistindo a estas conferências e para quem vocês estão fazendo isso. Vejam-nos como seus próprios filhos. Vocês estão decidindo em que tipo de mundo nós iremos crescer. Os pais devem ser capazes de confortar seus filhos dizendo-lhes: "Tudo vai ficar bem, estamos fazendo o melhor que podemos, não é o fim do mundo". Mas, não acredito que possam nos dizer isso. Nós estamos em suas listas de prioridades?

Meu pai sempre diz: "Você é aquilo que faz, não o que você diz". Bem... O que vocês fazem, nos faz chorar à noite.

Vocês, adultos, dizem que nos amam... Eu desafio vocês: por favor, façam com que suas ações reflitam as suas palavras.

Obrigada!"

Após, mostrou um trecho do vídeo onde essa menina aparece fazendo o seu discurso:
A seguir a professora fez uma sensibilização com os alunos pedindo:

·       Como é possível fazer a diferença nesse mundo em que vivemos.

Os alunos deram suas opiniões.
Então, a professora, apresentou outro vídeo:

Nesse vídeo aparecia um trabalho realizado pedindo que as pessoas utilizassem a escada normal, ao invés da escada rolante.



Questionou novamente os alunos com as seguintes indagações;

·       Qual das escadas vocês escolhem?

  • O que fariam para que as pessoas usassem a escada normal?
  • O que é mais saudável?
Questionou os alunos pedindo;

·       Que outras coisas a gente faz e sabe que teria um jeito melhor?

·       Não só o melhor, mas, o mais interessante?


Os alunos deram suas opiniões.

A professora mostrou outros vídeos, um sobre o lixo e outro sobre o trabalho do artista Cris Jordan, sobre estatísticas do lixo:

A professora pediu que os alunos escrevessem um texto, em casa, falando sobre a sustentabilidade em nosso planeta e o que poderiam fazer para realmente fazer a diferença na vida das pessoas.


2ª aula

Alunos dispostos em círculo, o notebook da professora sobre uma mesa.

A maioria dos alunos não trouxe o texto solicitado na aula anterior.

A professora iniciou a aula com a fala de que a Arte deve ser vista como uma linguagem de fala e intervenção, não como uma coisa ao léu, e sim como algo útil para as pessoas.

Questionou os alunos quanto às atitudes que tinham, mas que não se davam conta:

·       Quanto tempo demoramos no banho?

·       Quantas coisas desnecessárias compramos?

·       Quanta poluição é gerada por causa dos jogos de futebol?

·       Como fica a praia quando as pessoas passam o 1º do ano lá?

·       De vinte anos pra cá, o que se criou mais de lixo que antes não existia?

·       Quem vocês conhecem que não utiliza essas novas tecnologias, como o celular, por exemplo?

·       Somos uma geração mais evoluída?

·       Até que ponto?
Nesse momento os alunos e a professora comentam o seguinte comercial do Itaú:


E a professora volta a indagar:

  • Por que precisamos de mais dinheiro?
  • Por que consumimos tanto?
A professora fala sobre o vídeo a história das coisas:


Nesse momento a professora e os alunos falaram sobre consumismo.

E então a professora propõe que os alunos escolham uma forma de fazer arte: Teatro, vídeo, instalação, performance, com o seguinte tema:

O que eu faço de melhor?
3ª aula

A professora traz para aula uma nova proposta. A proposta é que os alunos aproveitem tudo o que foi comentado nas aulas anteriores e produzam um vídeo para participarem do Festival Nacional de Curtíssima Metragem- Claro Curtas 3ª edição.

E o tema muda passa para:

O tempo do agora.

Comentou que era uma oportunidade de criarem arte a partir de suas reflexões e os alunos individualmente começaram a escrever um roteiro para o vídeo.

Os alunos teriam um prazo de quinze dias para produzirem seus vídeos para que esses pudessem ser inscritos no concurso.

Os alunos gostaram da novidade.

4ª aula

Nessa aula a professora separou os alunos em grupos e estes discutiram sobre a melhor maneira de produzir o vídeo.

A professora passava pelos grupos dando sugestões e tirando as dúvidas.

5ª aula

Nesse dia a professora passa novamente pelos grupos auxiliando-os quanto a produção do vídeo e comentando sobre o que já estava sendo desenvolvido pelos alunos.
Durante as aulas que observei, notei que os alunos construíram o conhecimento tanto para a vida como para a arte, pois a disciplina de Artes foi trabalhada de forma contextualizada com a vida dos alunos. Os alunos puderam desenvolver o três eixos norteadores da Abordagem Triangular; Fruição- Reflexão e Ação.

Acredito, porém, que os alunos poderiam ter produzido mais durante as aulas. A professora trouxe muitos vídeos, muitas propostas, muitas informações, talvez pelo pouco tempo de que dispõe em suas aulas, quer que seus alunos conheçam um pouco de tudo. Notei que muitos alunos, assim como eu, ficavam um pouco confusos com as propostas.

Assisti aos vídeos produzidos e me surpreendi com a produção dos alunos.

A professora realmente conseguiu atingi-los, fazendo-os refletir e produzir algo para um melhor viver em sociedade.

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